Introdução
A depleção de creatina fosfato pode limitar o desempenho durante o exercício de curta duração e de alta intensidade (por exemplo, corrida de 60 metros ) pelo fato de a depleção reduzir a velocidade de produção de ATP pelo sistema ATP- CP. Estudos recentes revelaram que a ingestão de grandes quantidades de creatina (20 gramas/dia) durante 5 dias resulta num aumento dos estoques de creatina fosfato nos músculos. Essa suplementação de creatina demonstrou melhorar o desempenho durante o exercício de curta duração e de alta intensidade. Em decorrência desses relatos, a suplementação de creatina atualmente vem sendo praticada por muitos atletas e não existem relatos de efeitos colaterais prejudiciais nas doses recomendadas (20 gramas por dia). No momento, a suplementação de creatina não viola as regulamentações de dopagem mantidas pelas principais organizações atléticas.
As células musculares armazenam quantidades limitadas de ATP. Por Essa razão, como o exercício muscular requer um suprimento constante de ATP para fornecer a energia necessária à contração, devem existir vias metabólicas celulares com capacidade de produção rápida de ATP. De fato, as células musculares podem produzir ATP por qualquer uma ou pela combinação das três vias metabólicas: (1) formação de ATP pela degradação da creatina fosfato, (2) formação de ATP por meio da degradação da glicose ou do glicogênio (denominada glicólise) e (3) formação oxidativa da ATP. A formação da ATP pela degradação da creatina fosfato e da glicólise não envolve a utilização de oxigênio e é denominada via anaeróbica. A formação oxidativa da ATP com o uso de oxigênio é denominada metabolismo aeróbico.
Relação de Bioenergética com o exercício
Um dos importantes elementos a considerar na avaliação e no rendimento de um atleta consiste em conhecer qual parte do metabolismo energético em funcionamento em cada momento de esforço, bem como o grau de participação de cada uma dessas partes durante o esforço.
Em qualquer atividade física, o organismo humano necessita de energia para desenvolver o trabalho mecânico em nível muscular. O suprimento continuo de energia (ATP) é possível em virtude da ruptura de moléculas mais complexas por três tipos de reações químicas: dois deles (sistema do glicogênio - acido lático e sistema aeróbico) dependem dos alimentos que ingerimos, enquanto o terceiro depende da fosfocreatina. A fosfocreatina armazenada nas células pode decompor-se e, ao fazê-lo, fornece energia suficiente para a nova síntese de ATP. O conjunto de ambas as moléculas é denominado sistema de fosfagênio. Esse sistema supre energia por apenas um período máximo de 8 a 10 segundos (quase suficiente para uma corrida de 100 metros ), um sistema exclusivamente apropriado para esforços musculares curtos e de breve duração.
No sistema do acido lático ou glicólise anaeróbica, os carboidratos ou açúcares (glicogênio) sofrem decomposição, fornecendo a energia necessária para a nova síntese de ATP. O processo pelo qual se da a formação de acido lático ocorre na ausência de oxigênio e pode proporcionar a energia necessária para uma atividade muscular máxima até 90 s, alem da energia suprida pelo sistema anterior.
Aplicação do limiar anaeróbico ao treinamento
Uma vez determinado o limiar anaeróbico do individuo, o fator importante não reside apenas em seu valor teórico e na comparação com outros desportistas ou em diferentes momentos da atividade, como também na possibilidade de aplicar esses resultados ao treinamento. Para isso a intensidade do treinamento distribuim-se em função do limiar obtido, apesar da importância fundamental residir no limiar anaeróbico do individuo.
O trabalho aeróbico é realizado nos ritmos de fundo, tanto de fundo-duração quanto de fundo-intensidade, embora não se deva esquecer o trabalho em ritmos intensos juntamente com os anteriores, constitui a maneira de deslocar o limiar anaeróbico do individuo para maiores intensidades de esforço.
A duração de um bloco de treinamento numa seção também esta diretamente ligada ao tipo de treinamento realizado e, a intensidade do esforço. É preciso considerar o ritmo de recuperação, que implica a regeneração depois de cada treinamento, esse ritmo também é fundamental no aquecimento, antes de uma seção de treinamento, ou antes, de uma competição, bem como na volta ao repouso após o esforço, todavia a melhora da capacidade de esforço não se considera um treinamento em si.
O aumento do limiar anaeróbico com o treinamento pode ser devido a diversos fatores, como o aumento da densidade capilar dos músculos de mitocôndrias e das enzimas oxidativas, ou o fato de que a eliminação do lactato (oxidação a glicose) é facilitada. Essas modificações certamente melhoram a capacidade da célula de geração aeróbica do ATP.
Bioenergética x Criança
Até o período da puberdade, a criança tem baixa atividade da PFK (fosfofrutoquinase), enzima que ativa o processo glicolítico. Por isso, nesse período, ela utiliza predominantemente as rotas do sistema fosfagênio (ATP-CP) e lipolítica preferindo atividades de curta duração e altíssima intensidade (ATP-CP) ou longa duração e baixa intensidade (lipolítica).
Se a criança for submetida a atividades de intensidade onde predomine o sistema anaeróbico lático (glicolítico), as adaptações fisiológicas serão as mesmas relativas ao trabalho aeróbio de alta intensidade pela sua capacidade de adaptação do sistema aeróbio (mais rápido que o adulto) e pela deficiência de PFK.
Crianças submetidas a treinamento de alta intensidade sofrem um desgaste ósseo ao longo do tempo e, ao chegar à puberdade, há um ganho de massa e força muscular muito grande. Essa massa muscular encontra uma estrutura óssea desgastada podendo gerar um grande número de lesões e queda no rendimento. Isso justifica o alto índice de abandono do esporte por adolescentes que treinaram durante a infância.
Após a puberdade os meninos têm um ganho de massa muscular maior, enquanto que as meninas acumulam mais gordura. A partir disso os meninos têm um ganho maior no consumo máximo de oxigênio (VO2máx).
Conclusão
Ao terminar este trabalho percebemos a grande importância dos exercícios físicos em nossas vidas. As pessoas que praticam quaisquer que sejam as atividades esportivas, na maioria das vezes sempre estão sentindo- se bem, além de serem mais saudáveis, pois estão praticando algum tipo de exercício.
Através do estudo da nossa equipe, podemos transmitir para outras pessoas a informação sobre o conteúdo de bioenergética, sendo esta conteúdo da disciplina de Clinica do Exercício.
Com as atividades esportivas precisamos de energia para realizar as mesmas com um bom desempenho. A energia para a realização do exercício é oriunda da interação das vias anaeróbicas e aeróbicas. Em geral, quanto mais curta a atividade (alta intensidade), maior a contribuição da produção anaeróbica de energia. Em contraste, as atividades prolongadas (intensidade baixa e moderada) utilizam a ATP proveniente de fontes aeróbicas.
É importante lembrar que o exercício físico oferece inúmeros benefícios para a vida e saúde de seus praticantes. Desta maneira, as pessoas que praticarem além de estarem cuidando da forma física, estarão cuidando da sua própria saúde.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
POWERS, Scott K. ; HOWLEY, Edward T. Tradução: NAVARRO, Francisco. Fisiologia do exercício. Terceira edição. Ano: 2000. Editora: Manole. Pág. 30.
CÓRDOVA, A. M. Fisiologia Dinâmica. Ano: 2006. Editora: Guanabara koogan S.A. Pág. 570.
Bioenergética relacionada com crianças. Disponível em:
< http://jerriribeiro.vilabol.uol.com.br/jrcrianca.html>